O que é genuíno fica bem na TV.
O que é genuíno normalmente é verdadeiro e honesto.
E a camera de televisão - enquanto olho do espectador - consegue destilar a verdade intrínseca à imagem apresentada.
Mas nem sempre é assim.
Se nas campanhas eleitorais a imagem das peixeiras no mercado do peixe de Matosinhos conseguem emprestar esse lado genuíno à fraqueza falsa e plástica dos candidatos/políticos nos casos de tragédia e miséria humana a fronteira é mais ténue.
A imagem do pai da Sara - a menina que ontem morreu em Monção - era duma serenidade assustadora. Como se a televisão o aliena-se do facto da sua filha ter morrido. Era duma assustadora serenidade. Como se algo de longínquo se tivesse passado numa qualquer família do Japão.
Pelo contrário a imagem da mãe, mesmo sem palavras, abre pistas de interpretação mediática que legitimamente podemos já adivinhar.
E é aqui que entram mais 3 actores. O estado, a ciência e o povo.
O Estado na pessoa da Segurança Social à rasca porque não conseguiu proteger uma criança da sua sorte.
O mesmo estado tentando via Tribunal remediar a questão. Mas nomeando um juíz especialista em Trabalho para avaliar um caso de possível homicídio por maus tratos.
E finalmente o Povo. Que logo que soube que uma criança havia morrido, escolheu o seu lado na contenda e condenou os pais, principalmente a mãe.
O Povo viu tudo na TV. E Povo mais próximo quis ainda ir ver e insultar a mãe à porta do tribunal.
Mas quando o mesmo Povo se sentar logo no sofá a ver o Telejornal, apenas vai tentar espreitar se aparece na televisão.
São os sentimentos básicos a funcionar em pleno.
O Ego, a Vingança.
Então e a ciência?
Que pode dar respostas.
Cito o jornal Correio da Manha
"A médica legista que ontem autopsiou o corpo de Sara não tem a mais pequena dúvida: a menina, de dois anos, morreu vítima de maus tratos.
O relatório de autópsia, a que o CM teve acesso, revela a existência de lesões traumáticas significativas no crânio, tórax e abdómen – ferimentos que, segundo o documento, “foram inequivocamente responsáveis pela morte”.
Mas o Povo e a TV já não quere saber da ciência.
É que a personagem principal da telenovela é agora a Mãe.
A vilã da história.
Seguem-se os capítulos do funeral e do julgamento.
Até à próxima.
O que é genuíno normalmente é verdadeiro e honesto.
E a camera de televisão - enquanto olho do espectador - consegue destilar a verdade intrínseca à imagem apresentada.
Mas nem sempre é assim.
Se nas campanhas eleitorais a imagem das peixeiras no mercado do peixe de Matosinhos conseguem emprestar esse lado genuíno à fraqueza falsa e plástica dos candidatos/políticos nos casos de tragédia e miséria humana a fronteira é mais ténue.
A imagem do pai da Sara - a menina que ontem morreu em Monção - era duma serenidade assustadora. Como se a televisão o aliena-se do facto da sua filha ter morrido. Era duma assustadora serenidade. Como se algo de longínquo se tivesse passado numa qualquer família do Japão.
Pelo contrário a imagem da mãe, mesmo sem palavras, abre pistas de interpretação mediática que legitimamente podemos já adivinhar.
E é aqui que entram mais 3 actores. O estado, a ciência e o povo.
O Estado na pessoa da Segurança Social à rasca porque não conseguiu proteger uma criança da sua sorte.
O mesmo estado tentando via Tribunal remediar a questão. Mas nomeando um juíz especialista em Trabalho para avaliar um caso de possível homicídio por maus tratos.
E finalmente o Povo. Que logo que soube que uma criança havia morrido, escolheu o seu lado na contenda e condenou os pais, principalmente a mãe.
O Povo viu tudo na TV. E Povo mais próximo quis ainda ir ver e insultar a mãe à porta do tribunal.
Mas quando o mesmo Povo se sentar logo no sofá a ver o Telejornal, apenas vai tentar espreitar se aparece na televisão.
São os sentimentos básicos a funcionar em pleno.
O Ego, a Vingança.
Então e a ciência?
Que pode dar respostas.
Cito o jornal Correio da Manha
"A médica legista que ontem autopsiou o corpo de Sara não tem a mais pequena dúvida: a menina, de dois anos, morreu vítima de maus tratos.
O relatório de autópsia, a que o CM teve acesso, revela a existência de lesões traumáticas significativas no crânio, tórax e abdómen – ferimentos que, segundo o documento, “foram inequivocamente responsáveis pela morte”.
Mas o Povo e a TV já não quere saber da ciência.
É que a personagem principal da telenovela é agora a Mãe.
A vilã da história.
Seguem-se os capítulos do funeral e do julgamento.
Até à próxima.